terça-feira, 15 de julho de 2014

Gema trama Sonhos na Forqueta

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Gema trama sonhos na Forqueta

Paula Valduga (textos) e Diogo Sallaberry (imagens)
Gema Trevisan dal Cero não precisa se concentrar para compor os diferentes tipos de tramas que se transformam em chapéus, bolsas, coberturas para garrafões de vinho e outros objetos. Fala sem parar. Vai de histórias da sua vida para piadas. Solta uma gargalhada. Outra. Volta a ficar séria. Mistura palavras no dialeto vêneto. Não lhe faltam energia e nem alegria. À pergunta sobre sua idade, larga:

- Tenho cinco dúzias e sete ovos.

Aos 67 anos, Gema faz o que ama. Trabalha no Ponto de Cultura Costurando Sonhos, sediado na Cooperativa Forqueta. Lá, entre suas muitas funções, está a dressa. Aprendeu com a mãe a tramar a palha de trigo. Assim foi na família toda, que por gerações e gerações foi mantendo um artesanato que Gema teme que esteja morrendo:

- Eu dou aula de dressa aqui no Ponto de Cultura. Não quero deixar morrer, porque veio da minha nona, minha mãe, minhas tias.

Os produtos confeccionados em dressa fazem tanto sucesso quanto as piadas da sua autora. Na quinta-feira à tarde, quando a reportagem esteve com Gema na Forqueta, ela havia terminado uma cobertura para garrafão e vendido logo depois. Os turistas se encantam, conta. Não estão acostumados a ver os chapéus, seja na cor da palha ou tingidos. Dona Gema tem variedade, e todos os produtos saem rápido, alegrando a artesã. Ela cuida de cada detalhe, desde o plantio do trigo. Nascida em Nova Prata, mudou-se para Farroupilha e, depois, para a Forqueta.

- Em todos os lugares onde morei, sempre procurei ter um pedaço de terra pra plantar o meu trigo. Gosto de fazer a dressa e usar meus produtos. Estou sempre com um chapéu e uma bolsa. Fui com um chapéu colorido para a praia em Balneário Camboriú. Me paravam para perguntar onde comprar - conta, com sua tradicional alegria.

Diariamente, espalha energia de um lado a outro da cooperativa. Não fica restrita à dressa. Dá informações, serve suco de uva e chopp de vinho, conta histórias aos visitantes, vende os produtos expostos no varejo:

- Isso aqui é a minha vida.

Neste ano, a exemplo de muitos outros, tem um compromisso muito especial. Para Gema, a Festa da Uva é uma oportunidade e tanto de conversar com turistas, mostrar como se faz a dressa e se divertir. Sim, porque ela se diverte o tempo todo. As mãos ágeis e os olhos sem necessidade de qualquer lente estão focados na dressa, mas os assuntos não cessam. Gema fala sobre as aulas. Diz que no início é difícil, mas depois as alunas pegam prática. Algumas procuram o Ponto de Cultura e têm uma vaga lembrança de como tramar a palha. Haviam aprendido com a mãe ou a avó. A ideia é justamente não deixar essa tradição ser esquecida.

- A Festa da Uva é um sonho. Vou ficar lá o máximo de tempo que eu puder. Gosto de estar nos Pavilhões, de ver as pessoas, de mostrar como se faz a dressa.

Para saber mais e conferir a alegria de Gema, é só clicar no play. No vídeo, ela explica rapidamente o processo e afirma:

- Quero chegar nas seis dúzias fazendo dressa

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